Parque Tecnológico Celerator é a derradeira etapa do projeto do Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão.
O Autódromo Internacional do Algarve (AIA), situado no concelho de Portimão, lançou a primeira pedra da obra do Parque Tecnológico Celerator, projeto com um custo estimado de 7,2 milhões de euros e conclusão prevista para o último semestre de 2024.
O Celerator, «um parque tecnológico único», nas palavras de Paulo Pinheiro, CEO e fundador da ParkAlgar, empresa que gere o AIA, é o resultado de uma parceria com a Universidade do Algarve (UAlg), criada com o objetivo de desenvolver um novo centro na Europa para a investigação, desenvolvimento e teste de tecnologias e soluções nas áreas da mobilidade, energia e sustentabilidade.
A cerimónia, realizada na quinta-feira, dia 13 de julho, contou ainda com a presença de Paulo Águas, Reitor da UAlg; José Apolinário, presidente do concelho diretivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR) e a vereadora da Câmara Municipal de Portimão, Teresa Filipa Mendes.
O futuro polo tecnológico representa «um enorme desafio» para o AIA. Será dedicado às energias renováveis, à internacionalização de empresas e à aceleração de entrada de novos produtos e tecnologias no mercado. Permitirá reunir várias fases desde a criação, desenvolvimento, transferência e adoção de soluções de descarbonização, combate às alterações climáticas ou inovação energética.
«Hoje, a questão da sustentabilidade tem de ser vista de uma perspetiva de engenharia, não de uma perspetiva de marketing, e é isso que nós pretendemos. Queremos proporcionar esse conhecimento para as empresas e para as entidades, porque senão não faz sentido e não é realmente sustentabilidade», explicou Paulo Pinheiro ao barlavento.

Ao referir-se à pegada ecológica confidenciou que, na visão do AIA, «o futuro passa por novas formas de mobilidade, através da não emissão de C02 e o desenvolvimento de motores de combustão interna com combustíveis sintéticos sustentáveis e, em breve, com hidrogénio verde.
Paulo Pinheiro expressou também preocupação em relação às baterias dos atuais carros elétricos e híbridos que circulam e que serão cada vez mais. Um problema que será abordado no futuro Celerator.
«São baterias que acabam por ficar sem utilização e precisam de ter uma segunda vida porque continuam a ter potencial elétrico para outros fins, como por exemplo, para armazenar energia produzida por painéis solares em casas de habitação», explicou Paulo Pinheiro.
Este projeto faz parte do master plan inicial do AIA, não tendo sofrido quaisquer alterações.
«Está de acordo com o que tínhamos planeado, não com o timing que queríamos, devido às adversidades que enfrentámos, mas em termos de projeto mantemos tudo», destacou o responsável ao salientar que, da ideia inicial, fazem parte o Autódromo, Kartódromo, Complexo Desportivo, Parque Tecnológico, alojamento hoteleiro, sendo o Celerator o único ainda por realizar.
«Esta é a última peça. Vamos começar por um dos lotes, sendo 11 no total», referiu Paulo Pinheiro ao notar que «foi-se fazendo o que era mais urgente e importante para o projeto global. Agora, para a complementaridade do AIA, o Parque Tecnológico é fundamental porque nos traz uma componente de tecnologia, inovação e conhecimento numa fase em que é fundamental que a sustentabilidade e as novas energias sejam abordadas de forma inteligente».
A consolidação deste projeto é «gradual» visto que, desde a inauguração do AIA em 2008 até hoje, «têm sido dados passos conforme o pretendido, porém, às vezes mais depressa outras mais devagar. Até estar tudo finalizado irão sempre surgir novos desafios».
O intuito é chegar, «numa primeira fase, a cinco empresas e, numa segunda, a um total de dez», acrescentou em declarações aos jornalistas, após frisar que este «vai ser o primeiro edifício no Algarve a albergar empresas relacionadas com a tecnologia da indústria automóvel e também das energias renováveis».
Paulo Pinheiro acredita que este projeto tem capacidade para «chegar às 50 ou 60 empresas», número que será «o objetivo final».
Para José Apolinário, este é o «início de um processo com uma visão de ambição», centrado nas novas tecnologias e na transição climática», que vai permitir dar resposta a «desafios de coesão territorial», já que «a resiliência de uma região passa também por mais investimento e inovação».

Será ainda um «salto feito com a perspetiva de encontrar um futuro para este espaço que é ímpar para acolher grandes eventos» e uma aposta com «a virtude da coesão ligada a um centro tecnológico do barlavento, envolvendo a UAlg e associando os agentes no território», referiu José Apolinário.
Ainda que exista já um centro tecnológico em Faro, a CCDR pretende que exista outro nesta zona do Algarve, que faça «parte de uma visão do território», o que «tem de ser apreendido, integrado e interiorizado pelos diferentes agentes».
A viabilização do AIA, «com todas as condições e investimentos que tem, passa por olhar para o futuro, por ter um centro de transferência de tecnologia, de olhar para o que se está a passar no mundo automóvel – em relação aos combustíveis e às baterias – e delinear o seu posicionamento nesse quadro estratégico», apontou o presidente da CCDR Algarve, ao revelar que será também desenvolvida «uma área empresarial de nova geração».
José Apolinário considera que este investimento deve «ser visto como uma âncora para acolher empresas», pois possibilita «a demonstração do avanço das tecnologias».
De forma a assegurar profissionais para trabalhar nesta área, «houve uma concertação para garantir formação a nível do ensino secundário», sublinhou, referindo-se aos Centros Tecnológicos Especializados (CTE), que estão a ser criados, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Em Lagos, por exemplo, o Agrupamento de Escolas Gil Eanes já tem a funcionar um CTE industrial e um outro dedicado às energias renováveis. Por sua vez, o Agrupamento de Escolas Júlio Dantas está a trabalhar na criação de dois CTE, na área industrial e na área da informática.
Também a vereadora da Câmara Municipal de Portimão, Teresa Mendes, abordou este ponto ao comentar que houve o «cuidado de criar cursos», de energias renováveis, mecatrónica e eletrónica que vão possibilitar a proximidade entre alunos e especialistas.
«Neste momento, estamos concentrados em fazer um campus universitário em Portimão, focado nas tecnologias para criar um nicho, de forma que os jovens, quando começam a formação base e até à especialização, possam ter um momento num laboratório e, assim, possamos distinguir-nos na economia local e regional», assinalou Teresa Mendes.
«Vamos fazer a diferença em Portimão e no Algarve e afirmarmo-nos nesta questão tecnológica e preocupação atual e mundial em tudo o que tenha a ver com o ambiente», defendeu a vereadora ao admitir que, para este executivo, «o foco essencial é a questão da formação e da diversificação económica» e que a autarquia está «muito centrada no turismo e é essencial fazer a diversificação».

Ao abordar o investimento feito, a vereadora expressou o desejo de que, no futuro, esta aposta, «conseguida com esta parceria essencial e a visão de todos», rentabilize «todo o investimento que vai ser feito, que é enorme».
«Hoje vamos lançar mais uma pedra, a primeira pedra de muito trabalho, mas também uma primeira pedra para fazermos a diferença. É com estes passos que o vamos conseguir», argumentou.
No decorrer da apresentação, o Reitor da UAlg sublinhou que esta é uma associação com apenas dois sócios que «têm muito em comum». Paulo Águas disse que a academia está convicta que este centro «vai permitir que equipas de professores investigadores tenham mais um equipamento, mais um laboratório, para poderem contribuir com uma maior transferência de inovação» para o mercado.
«Estamos a dar passos para que a UAlg tenha uma presença mais forte no Barlavento», acrescentou o magnífico, ao frisar que atividade da instituição está cada vez mais presente em toda a região.
Independentemente do nível de prontidão tecnológica (Technology Readiness Level), qualquer empresa ou projeto empresarial pode arrendar uma área e ter acesso aos equipamentos e hardware no espaço do Celerator. Por isso poderá acolher start-ups, médias e grandes empresas no AIA, com «o seu próprio espaço nas instalações de última geração que estão a ser construídas».
Também as equipas de competição de automóveis e motos vão beneficiar do novo centro, que terá «um papel fundamental no desenvolvimento de novas soluções e tecnologias que têm no AIA, o melhor banco de ensaio», realçou, por sua vez, Paulo Pinheiro.
Assim que estiver concluído, o parque tecnológico fará parte de um complexo que tem nas suas instalações um circuito de desportos motorizados, um parque todo-o-terreno, um kartódromo, uma incubadora de start-ups, um hotel e resort de cinco estrelas e um parque solar fotovoltaico de 25 Mw que fornece energia verde a todo o complexo.