Governo veio hoje a Faro reconhecer o trabalho que está a ser realizado pelo Algarve Biomedical Center (ABC) para conter a pandemia da COVID-19. Foi também assinado um protocolo para formalizar várias ações nos lares de terceira idade da região.
Apesar do estado de Emergência vigente, Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Jamila Madeira, secretária de Estado adjunta e da Saúde fizeram questão de visitar a Universidade do Algarve, em Faro, na manhã de hoje, quarta-feira, 1 de abril.
A visita de trabalho serviu para apresentar o projeto «COVID + 70» que arrancou ontem em Portimão, e que tem por objetivo realizar 6000 testes ao Coronavírus nas estruturas residenciais para idosos da região do Algarve, iniciativa dinamizada pelo Algarve Biomedical Center (ABC).
Para isso, foi assinado um protocolo entre aquela entidade e o Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social.
O «COVID + 70» já está no terreno em coordenação com o Centro Regional da Segurança Social do Algarve e a Proteção Civil. Está adaptado à realidade das instituições da região e abrange também os serviços de apoio domiciliário.
«Os idosos são um grupo mais vulnerável e por isso começámos a trabalhar neste projeto na semana passada. Posso dizer que o nosso alvo serão todas as pessoas que estão nos lares, ou centros de dia, quem lá trabalha, mas também quem pode ir visitá-los (pessoal externo). Isto porque é fundamental que haja interrupção das cadeias, que não haja transmissão ou que ela seja mínima», explicou Nuno Marques, médico e presidente do conselho diretivo do ABC.
Além dos testes, «para cada lar iremos fazer um plano de atuação personalizado, com ações, procedimentos de prevenção das infeções e medidas de apoio. Vão ser contactados os lares por vídeo chamada de forma a definirmos com eles quais as condições atuais em que estão, de forma a fazer um plano adaptado a cada um. Quase todos já os tinham, mas nós estamos a revê-los, e vamos apresentar sugestões de forma a que sejam constantemente adaptados à evolução da situação», detalhou.
Ou seja, antes de a equipa médica do ABC visitar cada lar para proceder às colheitas de amostras para análise da COVID-19, será feito, previamente, um inquérito alargado.
Em relação aos testes, «temos uma equipa a trabalhar que já tem algum treino na colheita. O nosso alvo para já, nas próximas três a quatro semanas, serão 6000 testes».
Nuno Marques reforçou que o âmbito deste projeto «não são só as colheitas, nem pode ser só as colheitas, porque estas permitem apenas identificar eventuais casos de COVID-19».
«Vamos implementar medidas de isolamento, ou seja, vamos ajudar os lares a encontrar soluções», para os problemas que possam surgir. «Iremos também fazer a triagem e o diagnóstico».
«Estão a ser criadas equipas de apoio técnico telefónico disponível 24 horas por dia, para que qualquer dúvida que os lares do Algarve tenham, sejam esclarecidas» da forma mais célere possível.
A equipa nuclear «COVID +70» é coordenada por Isabel Palmeirim. Já os planos de atuação e contingência dos lares contam com Pedro Julião, Nuno Mourão, Helena Leitão, Hipólito Nzwalo, José Maia e Vera Cartaxo.
No exterior trabalham José Chibebe, Rodrigo Alexandre e Tiago Pedro. No laboratório estão Bibiana Ferreira e Vítor Fernandes.
Nuno Marques também deu aos governantes uma perspetiva do trabalho que o ABC tem vindo a realizar nas últimas três semanas.
«Temos estado a trabalhar quase 24 horas por dia. Estamos já a produzir solução desinfetante alcoólica no laboratório. Estamos a dar apoio também à linha do SNS24 com um call center em Faro. Criámos um sistema drive-thru para colheitas (no Parque das Cidades) que está montado e a funcionar perfeitamente com todas as condições de segurança. Também já estamos a produzir o líquido para as zaragatoas, e estamos agora em colaboração com uma entidade empresarial de Loulé a fabricar essas mesmas zaragatoas», contabilizou.
Ainda esta semana será lançada «uma plataforma de informação científica que vai produzir um documento sucinto para que todos os profissionais consigam estar atualizados».
Na calha está ainda «uma linha de apoio ao turismo e para a população que entra, e estamos a dar apoio a quem nos pediu de outros países», como é o caso de Moçambique.
Por fim, o presidente do ABC aproveitou a presença do autarca de Loulé Vítor Aleixo e de António Miguel Pina, presidente da AMAL e autarca de Olhão, para «agradecer imenso às autarquias do Algarve, que têm dado um grande contributo. E também a outras entidades que têm concedido apoios para aquisição de equipamentos e materiais. Temos de estar todos no mesmo barco».
Durante a visita, os governantes tiveram ainda oportunidade de conhecer os laboratórios do Centro de Investigação em Biomedicina da Universidade do Algarve (CBMR), onde será feito o diagnóstico laboratorial à COVID-19 no âmbito do projeto «COVID +70».
Depois da assinatura do protocolo, a comitiva seguiu para o drive-thru montado no Estádio Algarve, e para o Laboratório Regional de Saúde Publica Dr.ª Laura Ayres, que lhe dá apoio direto.
O ABC – Algarve Biomedical Center é um consórcio entre a Universidade do Algarve e Centro Hospitalar Universitário do Algarve, que pretende reunir investigadores, alunos, profissionais de saúde e representantes de entidades ligadas ao ensino, formação, investigação científica e desenvolvimento regional, tendo como objetivo a melhoria dos cuidados de saúde.