«A insulina sai à rua» pela mão do CHUA com atividades para todos

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São mais de 40 iniciativas por toda a região para assinalar os 100 anos da descoberta da insulina. «A insulina sai à rua» inclui arte, vídeos, filatelia e ações educativas dirigidas a toda a comunidade.

A ideia partiu de Ana Lopes, diretora do Serviço de Medicina 1 do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e de Cristina Fé Santos, cujo «entusiasmo» conseguiu envolver 22 parceiros em torno de mais de 40 eventos que decorrem até fevereiro de 2022, um pouco por toda a região.

A iniciativa, que pretende assinalar o centésimo aniversário da descoberta da insulina, promover a literacia em saúde, bem como estimular a ligação entre a ciência, arte e educação, foi apresentada na sexta-feira, dia 12 de novembro, no Auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, em Faro.

«A insulina é uma substância química que ajuda a transformar os alimentos que ingerimos em energia. Se isso não acontecer, vamos emagrecer até morrer. Infelizmente, no mundo, a insulina não está acessível a todos e não é apenas em África» ou nos países pobre ou subdesenvolvidos.

Ana Lopes, diretora do Serviço de Medicina 1 do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) mostra as moléculas de insulina em 3D.

«Nos EUA onde não há um serviço nacional de saúde, quem não tiver seguros de saúde, terá de comprar a sua insulina, que é cara. Por isso surge um enorme mercado negro naquele país. Em Portugal, todos têm insulina acessível. O CHUA preocupa-se com as pessoas que serve, pretende estar mais próximo da população e por isso pensou este projeto», explicou a médica e coordenadora da iniciativa, que aproveitou a sessão para agradecer e elogiar a adesão dos municípios e das várias entidades parceiras.

O programa tem atividades para diferentes públicos-alvo, desde as escolas, à comunidade académica, a professores e público geral, que podem ser consultadas online num website oferecido pela Águas do Algarve.

Elaboração de murais e de moléculas de insulina em impressoras 3D, teatro, a realização de filmes documentais, formações para docentes, tertúlias e exposições temáticas à volta da diabetes são algumas das propostas. Estão previstas ações de rua, intervenções técnicas na população, webinares temáticos, iniciativas de carácter científico e uma aposta forte nas redes sociais.

Um ponto alto será no dia 11 de janeiro, com a emissão filatélica, pelos CTT, a nível nacional e internacional, de um postal que assinala os 100 anos do primeiro doente tratado com insulina, e cuja efeméride será associada a este projeto desenvolvido e coordenado pelo CHUA, através da Unidade de Diabetologia.

Também presente na sessão, Ana de Freitas, vice-reitora da Universidade do Algarve (UAlg), considerou que «ser um grande festejo em volta de uma molécula que, de facto, o merece pela qualidade de vida que trouxe às pessoas» diabéticas. A UAlg envolveu equipas, departamentos e alunos num total de mais de 24 ações.

No uso da palavra, Paulo Neves, vogal do conselho de administração do CHUA, referiu que «da resenha que tenho feito, o CHUA também não se tem dado ao trabalho de se mostrar à região. Nesse sentido, este projeto é fantástico para sermos mais próximos de todos os outros parceiros», disse.

A sessão contou ainda com contou com a presença de José Apolinário, presidente da CCDR Algarve e de Rui Gomes, representante da Associação para o Estudo da Diabetes Mellitus e Apoio ao Diabético do Algarve.

Na Unidade de Diabetologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) há 900 diabéticos em seguimento, dos quais 300 com diabetes tipo 1. O serviço acompanha 36 crianças em perfusão contínua de insulina (bomba de insulina), o que corresponde a 200 consultas anuais. Ainda no que toca a números, a unidade faz 4700 consultas por ano, 600 das quais a crianças. Em Portugal, os dados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico, de 2015, revelam uma taxa padronizada da prevalência da diabetes na população com idades entre os 25 e os 74 anos na ordem de 9,8 por cento.

Faro instala angiógrafo de última geração graças ao «esforço» de toda a região

No uso da palavra, Paulo Neves, vogal do conselho de administração do CHUA, admitiu que «o CHUA não tem sido verdadeiramente alvo de muitas atenções em termos de investimentos. Desde há vários anos, o Algarve queixa-se, e com razão da falta de envolvimento da região e de atenção política».

No entanto, o vogal trouxe uma novidade aos presentes na apresentação do projeto «A insulina sai à rua», na sexta-feira, dia 12, em Faro.

«É um passo de gigante graças à teimosia da região politicamente representada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. Está já a ser instalado um angiógrafo biplanado de última geração», cuja aplicação vai «desde a neurocirurgia até à gastroenterologia. É um investimento superior a 1 milhão de euros e só é possível porque no dia 25 de agosto, o presidente da CCDR [José Apolinário] envolveu os autarcas e a região, em favor de todos», agradeceu.

O governo comparticipa com 35 por cento este novo equipamento que vai permitir tratar doentes vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), sem ser necessário o transporte urgente para Lisboa, sobretudo, por via aérea, como tem vindo a acontecer. Poderá também vir a ser um incentivo à fixação de mais médicos.